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Elvis Presley — Divulgação
Durante mais de duas décadas de carreira, Elvis Presley acumulou milhões de fãs, hits atemporais e uma série de apelidos — mas nenhum tão impactante quanto o que o consagrou mundialmente: o rei do rock. Um título poderoso, mas que o próprio astro sempre tratou com certa reserva.
A origem da alcunha remonta aos anos 1950, quando a jornalista Bea Ramirez escreveu em abril de 1956, no jornal Waco News-Tribuna, que Elvis era “o rei do rock ‘n’ roll da nação”. Ele tinha apenas 21 anos. Pouco tempo depois, outro jornal, o Memphis Press-Scimitar, reforçava a coroação, chamando-o de “o novato rei do rock ‘n’ roll”.
Apesar do título ter atravessado gerações, nem todo mundo concorda com ele. Um dos detratores mais famosos é Liam Gallagher, vocalista do Oasis, que em entrevista à Melody Maker em 1996 declarou:
“Elvis nunca compôs uma música na vida. Não acho que ele tenha sido o rei. O verdadeiro rei foi John Lennon.”
Gallagher, notório fã dos Beatles, exaltou a autenticidade de Lennon e até reconheceu os méritos de Paul McCartney por músicas como Helter Skelter.
Curiosamente, o próprio Elvis já havia demonstrado desconforto com a coroa que lhe atribuíram. Em 1969, durante uma coletiva em Las Vegas para anunciar seu retorno aos palcos — após anos se dedicando a filmes —, ele surpreendeu ao rejeitar o título em público. Ao ser chamado de “rei”, apontou para o lendário pianista e cantor Fats Domino, que estava presente, e disse:
“Não, este é o verdadeiro rei do rock ‘n’ roll.”
Fats Domino, que antecedeu Elvis em quase uma década, é considerado um dos precursores do rock and roll. Seu hit “The Fat Man”, lançado nos anos 1940, foi um dos primeiros a ser reconhecido no estilo, e vendeu mais de um milhão de cópias. Outros sucessos como Blueberry Hill, Ain’t That a Shame e Walking to New Orleans consolidaram seu legado.
Elvis, apesar do estrelato e de ter sido o rosto que levou o rock para o mainstream global, nunca escondeu sua admiração por Fats e sua consciência da importância de quem veio antes dele.
Assim, a figura de Presley como “rei” talvez diga mais sobre a forma como o público e a indústria musical o enxergavam do que sobre ele próprio. Humilde e consciente de suas influências, o “rei do rock” sabia que até a realeza tem seus mestres.
POR: Tamiris Felix